2025-01-17 IDOPRESS
Jogadores do Flamengo treinam na Flórida,onde inverno proporciona temperatura ideal para treinos mais intensos — Foto: Gilvan de Souza/Flamengo
GERADO EM: 16/01/2025 - 21:22
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O Estado da Flórida possui a maior comunidade de brasileiros nos EUA: 590 mil. Sem contar a concentração de outros latinos,o que faz com que o interesse pelo futebol por lá seja maior do que a média do país. Para completar,seu inverno não é rigoroso,como ocorre em outras regiões americanas. Perfeito,então,para os times do Brasil fazerem viagens de pré-temporada,certo? Não é bem assim.
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A ida ao país para a realização de treinos e amistosos — como fazem,neste momento,Atlético-MG,Cruzeiro,Flamengo,Fortaleza e São Paulo — divide opiniões. Há quem a defenda pelos mais diversos aspectos: clima,integração do elenco,oportunidade de negócios e de explorar a relação com patrocinadores e torcedores. Mas nem todos pensam desta maneira.
— É só para dirigente passear na Disney — disparou a presidente do Palmeiras Leila Pereira no começo da semana. — Nem sou convidada porque eles sabem disso. Não tem ganho financeiro. Esportivamente também não.
O quinteto brasileiro nos EUA repete o recorde registrado em 2017 e sinaliza um reaquecimento deste movimento. Mas,afinal,vale a pena?
A dirigente palmeirense não está sozinha em sua rejeição. O Santos havia acertado a participação no evento Orlando Cup,o mesmo do qual o Fortaleza faz parte. Mas a comissão técnica do novo técnico Pedro Caixinha não viu a ideia com bons olhos. Além disso,a falta de transmissão para o Brasil e a substituição do colombiano Atletico Nacional pelo Miami United frustraram a diretoria santista,que comunicou sua desistência.
Em meados de 2024,o Corinthians também estudava a possibilidade de fazer a pré-temporada nos EUA. Mas,no fim do ano,entendeu que,diante de um período de preparação tão curto no calendário 2025,valia mais a pena permanecer no CT Joaquim Grava.
— É muito mais produtivo ficar no seu CT — reafirmou Leila Pereira à Cazé TV. — O Palmeiras tem um dos mais modernos do mundo. Por que vou tirar o meu jogador daqui e levar para outro lugar?
O técnico Abel Braga já participou duas vezes da Florida Cup (hoje rebatizada para FC Series). Em 2018,no comando do Fluminense. No ano seguinte,com o Flamengo. Ele destaca como pontos positivos a temperatura (o frio permite treinos mais intensos e melhora o sistema cardiovascular) e o contato mais próximo dos jogadores entre si e com a comissão.
Hulk durante o treino do Atlético-MG em Orlando — Foto: Pedro Souza/Atlético-MG
Em compensação,o grupo já inicia o ano com uma viagem cansativa. Além disso,por melhor que seja a estrutura oferecida,não supera as instalações do próprio CT no Brasil,já moldadas para as demandas do time.
— Óbvio que você não tem lá as condições que teria em casa. (No seu CT) Qualquer situação adversa é resolvida imediatamente. E isso se perde (na viagem) — contou ao GLOBO.
Financeiramente também há prós e contras. Os organizadores fazem acordos separados com os clubes. O Flamengo,por exemplo,terá que arcar com logística e hospedagem. A única receita será a divisão da bilheteria do amistoso com o São Paulo,domingo. Já o tricolor paulista terá seus gastos pagos. Mesma situação do Fortaleza na Orlando Cup.
Para a nova gestão rubro-negra,o compromisso veio como uma obrigação deixada pela anterior. O clube se dá por satisfeito se não tiver prejuízo. Mas outros têm expectativas maiores. Tanto São Paulo quanto Fortaleza fecharam ativações de marketing exclusivas da viagem.
— Não viemos a passeio. São reuniões de negócios,eventos de patrocinadores,workshops internos e visitas de torcedores — explica Marcelo Paz,CEO do Fortaleza. — O clube está tendo ganhos financeiros também através de pacotes de viagem e de patrocínios. No roteiro há ativações da marca,eventos com a mídia,entrevistas.
Especialistas em marketing esportivo ouvidos pelo GLOBO concordam que estas viagens são um bom palco para ativações e relacionamento com torcedores. Mas rejeitam que elas proporcionem a internacionalização da marca,termo comumente usado pelos clubes.
— A forma mais correta é focar nos jogos transmitidos fora do país. Qualquer outra ação se torna complementar — opina Renê Salviano,CEO da agência Heatmap.
Neste sentido,o futebol brasileiro ainda patina. O Brasileirão 2024 só teve os direitos internacionais comercializados dias antes da estreia. Ainda assim,nem todos os clubes fizeram acordo,o que deixou alguns jogos “no escuro”.
— Imaginem o quanto sofremos com essa questão,perdendo bilhões de reais em receita,valorização do nosso futebol e visibilidade dos nossos atletas — completou Renê.