2024-09-07 HaiPress
Os preços de condicionadores de ar subiram 14,6%,no acumulado em 12 meses até julho,fazendo a categoria de eletrodomésticos avançar 3,segundo o Índice de Fipe/Buscapé — Foto: Beatriz Orle/Agência O Globo
GERADO EM: 07/09/2024 - 04:00
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A três meses do início do verão,a produção brasileira de condicionadores de ar bate recordes,com previsão de encerrar o ano com 6 milhões de aparelhos fabricados. Mas,em meio a ondas de calor previstas para diferentes partes do país,já em setembro os consumidores têm dificuldades de encontrar alguns modelos nas lojas.
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Representantes da indústria garantem que a produção está azeitada,com a demanda do varejo sendo distribuída normalmente. Mas,nas lojas,já faltam,ainda que pontualmente,unidades disponíveis à venda.
Números da Eletros,a associação nacional de fabricantes,mostram que a produção de condicionadores de ar bateu recorde este ano: de janeiro a julho,houve crescimento de 83% frente ao mesmo período de 2023. Foram 3,28 milhões de aparelhos entregues ao varejo no período.
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Considerando-se apenas o primeiro semestre,as vendas de ar-condicionado para o varejo subiram 88%,patamar bem acima do registrado por outras categorias,como a linha branca (geladeiras,lavadoras e fogões),que subiu 16% na comparação com o ano passado,e a marrom (TV e home theaters,por exemplo),que avançou 20%. Já no caso dos ventiladores de mesa,houve salto de 123%.
As vendas das varejistas para os consumidores também vêm crescendo. O Magazine Luiza registrou alta de 30% nas vendas de condicionadores de ar em agosto,na comparação anual. O modelo mais procurado e vendido é o split.
O advogado Luciano Medeiros de Melo,de 45 anos,busca um aparelho de janela para sua casa,mas não tem encontrado bons preços:
— Achei que ficaria mais barato por não estar ainda no verão,mas só estou encontrando na faixa de R$ 1.700,e não estou vendo vantagem em comprar agora. E quanto mais próximo do verão,a tendência é encarecer mais,pela procura.
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Segundo o Índice de Preços Fipe/Buscapé,os preços dos eletrodomésticos avançaram 3,no acumulado em 12 meses até julho. Essa alta foi puxada pelos aparelhos de ar-condicionado,que subiram 14,6% no período.
O Magalu afirma que,no momento,as indústrias enfrentam algumas dificuldades no recebimento de insumos. “Isso ocorre principalmente por conta da seca que afeta a região da Zona Franca de Manaus e das dificuldades com frete internacional,já que a maior parte dos componentes de ar-condicionado é importada”,afirmou a varejista em nota. E ressaltou que antecipou suas compras e não terá problemas de estoque.
O presidente executivo da Eletros,Jorge Nascimento,diz que relatos de falta dos produtos no comércio “causam surpresa,já que a produção está batendo recorde”. Ele afirma não haver qualquer problema logístico na Zona Franca de Manaus,responsável por toda a produção de ar-condicionado no país,seja na chegada de insumos ou no escoamento da produção:
— A seca que assola os rios da região não está impactando o abastecimento. Tudo que está sendo produzido já saiu de Manaus. Talvez o que esteja acontecendo é que entre um pedido e outro nas lojas os produtos tenham acabado. A indústria não está deixando de atender. Mas há de fato um aumento imenso na procura por ar-condicionado e ventiladores.
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Nascimento reconhece que fatores climáticos e econômicos — como a inflação menor e programas de renegociação de dívidas — “estimulam o consumo” e contribuem para o aumento das vendas. Mas assegura que a indústria suporta uma possível expansão da produção:
— As 17 fábricas de ar-condicionado no país têm parques muito grandes e estão com uma capacidade ociosa em torno de 20%,então o mercado suportaria ainda um crescimento grande (de demanda).
Os rios das Bacia Amazônica estão em níveis abaixo dos de 2023,quando a passagem de navios chegou a ficar interrompida em alguns pontos de acesso à Zona Franca. Além disso,a previsão é que as chuvas continuem escassas nos próximos meses.
Lucio Flavio Moraes,presidente executivo do Cieam,entidade que representa a indústria do Amazonas,diz que a seca que atinge a foz do Rio Madeira e a passagem de Tabocal — considerados os pontos mais críticos — já era prevista. Segundo ele,o setor se planejou para a possibilidade de impactos tão severos quanto os do ano passado:
— As fábricas anteciparam a chegada de insumos e também o escoamento da produção para as varejistas. Tudo está sendo entregue normalmente.
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A fabricante Gree foi uma das que anteciparam a produção,com 80% das entregas de 2024 já realizadas.
— A expectativa é que,até a metade de setembro,os demais insumos sejam recebidos nas fábricas,para que a demanda anual seja concluída — diz Carlos Murano,gerente executivo de Vendas da marca.
O GLOBO procurou ainda Springer Midea,LG,Samsung e Whirpool (dona das marcas Consul e Brastemp),mas as empresas preferiram não se manifestar.
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