Críticas de filhos de Bolsonaro a Michelle expõem família dividida menos de duas semanas depois de prisão

2025-12-02 HaiPress

Michelle discursa em ato pró-anistia do 8 de Janeiro,junto a Bolsonaro (a partir da esquerda),Carlos,Flávio e Jair Renan — Foto: Miguel Schincariol/AFP/06-04-2025

RESUMO

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GERADO EM: 01/12/2025 - 22:50

Divisão na Família Bolsonaro: Filhos Criticam Michelle Publicamente

Os filhos de Jair Bolsonaro,Flávio,Eduardo e Carlos,criticaram publicamente a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro por desrespeitar ordens do ex-presidente,expondo divisões na família. A tensão surgiu após Michelle criticar uma aliança política no Ceará. O PL convocou uma reunião de emergência para discutir a situação,enfatizando que Michelle não tem autoridade para reorganizar palanques regionais.

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A briga pelo protagonismo político na família de Jair Bolsonaro,acentuada com o início do cumprimento da pena do ex-presidente,se tornou pública na segunda-feira após sinais de mal-estar nos bastidores. De olho no espólio político do patriarca,o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ),o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) se uniram em críticas à ex-primeira-dama Michelle por tentar interferir na costura de palanque no Ceará. Segundo eles,ao atacar a aliança do deputado André Fernandes (PL-CE) com o ex-presidenciável Ciro Gomes (PSDB),Michelle desrespeitou ordem direta do marido.

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A reação do trio não foi a única. O PL marcou para terça à tarde,em Brasília,uma reunião de emergência,com a presença de Flávio,Michelle,além do presidente da sigla Valdemar Costa Neto e parlamentares. Integrantes planejam enviar um recado à ex-primeira-dama,deixando claro que ela não é integrante da Executiva Nacional e tem apenas um cargo “honorífico” à frente do “PL Mulher”,o que não lhe dá direito de reorganizar palanques regionais.

Os movimentos trazem à tona um incômodo que vem tomando forma desde a semana passada,quando Flávio se indispôs com comentários pessoais da primeira-dama diante de correligionários. E expõem os descompassos do clã,tanto no apoio a aliados nos estados,quanto na capacidade de estar unido em torno de uma chapa presidencial no ano que vem.

‘Autoritária’

A ex-primeira-dama viajou ao Ceará no domingo para participar do lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo-CE) a governador e,no palco,criticou a aproximação de Fernandes e do PL com Ciro,que há quase dois meses rompeu com o PDT para se filiar ao PSDB.

— É sobre essa aliança que vocês precipitaram a fazer. Fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita (Jair Bolsonaro),isso não dá. A pessoa continua falando que a família é de ladrão,é de bandido. Compara o presidente Bolsonaro a ladrão de galinha. Então,não tem como — disse Michelle.

Na segunda-feira,Flávio foi o primeiro a reagir publicamente,classificando a postura da madrasta de autoritária:

— A Michelle atropelou o próprio presidente Bolsonaro,que havia autorizado o movimento do deputado André Fernandes no Ceará. E a forma com que ela se dirigiu a ele,que talvez seja nossa maior liderança local,foi autoritária e constrangedora — disse ao portal Metrópoles.

Na sequência,Carlos Bolsonaro,em publicação no X,reforçou que o acordo com Ciro havia sido conduzido com aval do ex-presidente. “Temos que estar unidos e respeitando a liderança do meu pai,sem deixar nos levar por outras forças”.

Eduardo endossou a postura dos irmãos. “Meu irmão Flávio está correto. Foi injusto e desrespeitoso com o André o que foi feito no evento. Não vou entrar no mérito de ser um bom ou mal acordo; foi uma posição definida pelo meu pai”,escreveu o deputado.

Antes de entrar na esfera pública,o conflito começou na última terça-feira,após uma piada de Michelle,e no mesmo dia em que Flávio se autoproclamou porta-voz do pai,sem ter combinado com a madrasta.

Na ocasião,integrantes da legenda faziam reunião para definir a estratégia do partido a partir da prisão do ex-presidente. Com o microfone em mãos,Michelle contou para os correligionários que havia preparado milho cozido para que o marido comesse naquele dia e expôs um apelido íntimo,“meu galo”,pelo fato de Bolsonaro gostar do prato.

Na sequência,fez uma brincadeira que,na opinião dos filhos de Bolsonaro,o expôs. Michelle disse que o marido seguia firme na prisão e que havia chegado a hora de provar ser “imbrochável”,como diz ser na medalhas dos “3 is” — na qual presenteia aliados que considera “imbrocháveis,imorríveis e incomíveis”.

De acordo com presentes,Flávio pediu a palavra e foi direto ao dizer que todos deveriam ter cuidado com as palavras,já que a reunião poderia estar sendo gravada. Segundo ele,àquela altura,seria danoso que fosse vazado um áudio no qual se associava Bolsonaro à impotência. O senador reforçou que toda decisão dali em diante emanaria exclusivamente do ex-presidente.

O motivo da manifestação de Flávio era impedir qualquer “ganho de terreno” de Michelle na escolha do nome do PL que vai representar a família ao Senado por Santa Catarina. No estado,Carlos Bolsonaro foi escolhido pelo pai,enquanto Michelle prefere Caroline de Toni (PL). Sem consultar Michelle,o senador também se autoproclamou porta-voz do pai na entrevista coletiva realizada na sequência.

Em uma curta conversa na sede do PL,Michelle tentou conversar com o enteado,que reforçou que toda escolha deveria passar pelo pai. Segundo pessoas próximas à ex-primeira-dama,ela só esteve no evento de lançamento de Girão porque recebeu pedido direto de Bolsonaro,que queria a sua presença na largada da pré-campanha.

Aliados da primeira-dama alegam que a fala no Ceará refletiu uma divergência conhecida com Ciro,sem intenção de desautorizar o próprio ex-presidente. Segundo pessoas próximas,Michelle só esteve no evento porque recebeu um pedido direto de Bolsonaro,que queria a sua presença na largada da pré-campanha de Girão.

‘Erro gravíssimo’

Entre aliados do Centrão,a avaliação é que Michelle cometeu um “erro gravíssimo” ao criticar publicamente uma articulação considerada consolidada no estado. Políticos ouvidos sob reserva afirmam que Bolsonaro havia avalizado o movimento e que as pesquisas internas justificavam o aceno: Ciro lidera a disputa,enquanto Eduardo Girão não tem demonstrado viabilidade ao governo. Nas eleições municipais de Fortaleza,no ano passado,ele obteve pouco mais de 1% dos votos.

A avaliação desse grupo é que a confusão no Ceará expõe um problema mais amplo: com Bolsonaro fora de cena,as divergências internas deixaram de ser contidas e não são pontuais,como apontam parte dos intermediários da família. Em momento de transição,o bolsonarismo também enfrenta dificuldades para aceitar a movimentação de governadores de direita,como Tarcísio de Freitas (São Paulo),nome preferido de partidos de centro para encabeçar uma chapa presidencial.

Neste cenário,governadores de direita aproveitam para se cacifar junto ao eleitorado. Tarcísio e Ronaldo Caiado (Goiás) confirmaram presença nesta terça-feira em uma audiência pública na Câmara sobre a PEC da Segurança. A dupla busca protagonismo após a prisão do ex-presidente. Na semana passada,o governador do Rio,Cláudio Castro (PL),participou de audiência semelhante. Aliados do chefes de Executivos estaduais veem o atual momento de debate sobre a violência como uma vitrine para 2026.

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