Parece, mas não é: com o café mais caro, surge o ‘cafake’ nos supermercados. Veja como não se enganar

2025-02-12 IDOPRESS

Abic afirma que 'café fake' tem palha,pedaço de madeira e casca. Procuradas,fabricantes não retornaram — Foto: Montagem de fotos

RESUMO

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GERADO EM: 11/02/2025 - 21:45

Produtos "Cafake" surgem nas prateleiras: Abic alerta para impurezas em imitações de café.

Com cafés mais caros,produtos "cafake" surgem nos supermercados,imitando marcas conhecidas. Alerta da Abic aponta que bebida pode conter impurezas. Marcas como Oficial do Brasil e Melissa são citadas. Abic notifica Anvisa e Ministério da Agricultura. Consumidor deve ficar atento à transparência das práticas da indústria para garantir qualidade. Discussão sobre substituição de alimentos caros ganha destaque. Procon/SP orienta registro de reclamações sobre produtos inadequados.

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O preço chamou a atenção de consumidores da cidade de Bauru,interior de São Paulo,neste início de ano: enquanto meio quilo de café custa quase R$ 30,um pacote que se assemelha a marcas conhecidas do produto era vendido por R$ 13,99,menos da metade do preço. A Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) faz o alerta: não se trata de café,mas de bebida que imita café e pode ter em sua composição impurezas como palha,pedaços de madeira e cascas.

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As imagens do produto viralizaram nas redes sociais e a produto passou a ser chamado de “cafake”,o “café fake”.

— Fazemos mais de 5 mil análises por ano de café de produtores associados e não associados,mas neste início de ano nos deparamos com esse produto,que conhecemos pouco. É uma bebida que é à base de café,mas não é café. Isso trouxe preocupação — disse ao GLOBO,Celírio Inácio da Silva,diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).

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O preço do café subiu 37,4% no ano passado,um dos destaques de alta na inflação. Como o produto é consumido em 98% dos lares,Celírio avalia que “pessoas criativas” aproveitaram e criaram a bebida fake,que custa metade do preço,para buscar lucro fácil e enganar o consumidor.

Propriedade de marca

Por isso,a Abic notificou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Agricultura sobre a venda das bebidas que,segundo a entidade,não teriam autorização. A Associação Brasileira dos Supermercados (Abras) foi alertada. Foram encontrados pacotes da bebida à base de café também em cidades do Rio Grande do Sul.

Entre os “café fakes” encontrados está a marca Oficial do Brasil. Em seu rótulo,o produto é descrito como “bebida sabor café” e “pó para preparo de bebida à base de café”. Outro exemplo é o Melissa,que tem nome e embalagem semelhantes a uma marca conhecida,a Melitta.

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Uma checagem do rótulo mostra que se trata de “pó para preparo de bebida sabor tradicional” e que o produto “contém aromatizante sintético idêntico ao natural”.

Procurada a respeito da semelhança nas embalagens,a Melitta informou que “está tomando as providências necessárias para defender sua propriedade de marca e seus direitos”. E acrescenta que reforça o compromisso com ética,qualidade e segurança de produto.

A Master Blends,fabricante da Oficial do Brasil,localizada na cidade paulista de Salto de Pirapora,não respondeu. A empresa disse à agência Reuters que criou “subproduto” do café,deixando claro na embalagem,e disse que não aceita que digam que está enganando os consumidores.

Especificação sobre o produto no verso da embalagem do café tradicional — Foto: Letícia Lopes

“Em momento algum falamos que é café,criamos apenas um subproduto para atender uma classe que está sofrendo a cada dia que passa,este produto é composto de café e polpa de café torrado e moído,está escrito ‘bebida à base de café’ na frente e também atrás da embalagem”,afirmou na nota a Master Blends. A DM Alimentos,com sede no Paraná,que fabrica a Melissa,não retornou.

A legislação sanitária prevê que a oferta de novos alimentos e ingredientes ao consumidor requer autorização prévia da Anvisa,com comprovação de segurança do produto. O comércio irregular e o consumo de produtos clandestinos por empresas sem registro nos órgãos oficiais viola a legislação,diz a Abic em nota. Procurada,a Anvisa não comentou.

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Karine Karam,professora de Pesquisa e Comportamento do Consumidor da ESPM e sócia da Markka Consultoria,diz que a indústria pode pensar em alternativas para atender o consumidor quando há alta de preços. A redução do tamanho das embalagens,por exemplo,é estratégia que muitas marcas usam para evitar repassar todo o aumento de custos ao consumidor. Mas,alerta a especialista,é preciso ser transparente:

— É importante que essas práticas sejam transparentes e éticas. O consumidor merece saber o que está comprando e ter a garantia de que está recebendo um produto de qualidade. Uma empresa que usa uma estratégia fake não terá vida longa no mercado.

A discussão sobre substituir alimentos que aumentaram de preço ganhou atenção depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu semana passada que consumidores deixassem de comprar produtos que estivessem caros,substituindo-os por outros.

O que chamou a atenção da Abic é que os pacotes do “café fake” estavam na mesma prateleira do produto original. O Procon/SP ainda não registrou reclamações sobre o tema. Mas a área de fiscalização do órgão orienta que quem encontrar produtos com rótulo inadequado pode registrar reclamação nos órgãos de defesa do consumidor.

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