'ADPF das Favelas': veja o que disse cada ministro durante o julgamento do STF, que começou nesta quarta

2025-02-06 HaiPress

Na guerra contra as forças policiais,bandidos cercam as comunidades com barreiras que também impedem o direito de ir e vir da população: prefeitura diz que bloqueios dificultam a prestação de serviços públicos — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 05/02/2025 - 22:56

Ministro Fachin propõe regulamentação para operações policiais no Rio

O ministro Edson Fachin votou para manter regras em operações policiais nas favelas do Rio,propondo relatórios detalhados e câmeras corporais. Outros ministros expressaram opiniões divergentes sobre o uso da força e a atuação policial. A suspensão do julgamento permitirá análise mais aprofundada dos pontos apresentados. Governador e prefeito criticam a ADPF,enquanto outros apoiam medidas para reduzir a letalidade.

O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.

CLIQUE E LEIA AQUI O RESUMO

Na retomada do julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 365,a ADPF das Favelas,no Supremo Tribunal Federal (STF),o relator da ação,o ministro Edson Fachin,votou por manter as regras para a realização de operações policiais em comunidades do Rio. O magistrado propôs ainda novas medidas,como a obrigatoriedade de elaborar relatórios detalhados ao fim de cada ação e de compartilhar dados das forças de segurança com o Ministério Público. Ele reforçou que policiais civis também devem usar câmeras corporais.

'ADPF das Favelas': Fachin vota para manter regras para operações policiais,e julgamento é suspensoEnsaios técnicos no Sambódromo: metrô terá horário estendido para atender o público; confira

Após a leitura do voto do relator,o presidente do STF,Luís Roberto Barroso,anunciou a suspensão do julgamento para que os ministros se reúnam para analisar todos os pontos apresentados por Fachin. A votação deve ser retomada em três ou quatro semanas.

— Essa ação e esse julgamento devem constituir estruturalmente uma oportunidade de amadurecimento institucional de todos os envolvidos,entidades e instituições. E,especialmente,de aprimoramento da atividade policial e de seu controle externo,a partir dos princípios da transparência,da participação democrática e da prestação de contas — disse o relator.

Fachin propôs a homologação parcial do plano apresentado pelo governo estadual para reduzir a letalidade policial. Segundo o ministro,apesar de alguns avanços,parte das medidas não foi cumprida. Para ele,quando ocorrer morte de civis,o estado deve apresentar dados e informações sobre qual corporação estava envolvida na ação (Polícia Civil ou Militar),qual unidade ou batalhão,se o agente estava em serviço e se a morte ocorreu durante uma operação. Da mesma forma,em caso de morte de um policial,seria preciso esclarecer se ele estava em serviço ou de folga. Ele criticou o estado por não divulgar esses dados.

Indicador de bala perdida

O ministro também sugeriu que deveriam ser criados dois novos indicadores: um para eventos com uso excessivo ou abusivo da força legal e outro para mortes por bala perdida durante confrontos. O magistrado defendeu a criação de um comitê para acompanhar o cumprimento das determinações do STF,que seria coordenado pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública do Rio,e contaria com representantes da Secretaria de Segurança Pública,do Conselho Nacional de Justiça (CNJ),do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e de dois membros da sociedade civil.

Durante a leitura do voto de Fachin,alguns ministros já davam sinais de como irão votar. Alexandre de Moraes destacou a crueldade e o poder dos bandidos quando o relator defendeu que as ações policiais requerem uma análise “da necessidade e da proporcionalidade das medidas adotadas”.

— Qualquer operação contra milícias,contra o tráfico de drogas,me parece óbvio que o armamento a ser utilizado é o armamento mais pesado possível que a polícia tenha — afirmou Moraes,ressaltando sua experiência como ministro da Justiça e Segurança Pública,em 2016,quando participou da organização da Olimpíada do Rio.

Moraes acrescentou que os ministros do STF não podem passar a mensagem de que “a polícia não pode fazer a sua operação em todo território onde haja os criminosos” e lembrou como os moradores de favelas são ameaçados pelas quadrilhas.

— A população em grande parte é escravizada pelo tráfico de drogas e pelas milícias. Se eles discordarem de algo,em muitos casos são mortos. Se a população discordar que os milicianos utilizem sua casa,que os traficantes ou milicianos convidem sua filha para sair,eles são mortos. É uma escravidão moderna,com uso de armas e de coação — destacou ele,dando a entender que é contrário ao relator em relação ao uso proporcional da força contra criminosos armados,mas que também vê pontos positivos,como o uso de câmeras nos uniformes dos agentes.

Já o ministro Gilmar Mendes ressaltou ser “inadmissível” que o próprio Estado admita com naturalidade que parte do território seja dominado por organizações criminosas:

— Não pode haver grupos armados dominando territorialmente qualquer unidade da federação. Não se pode admitir que as comunidades são do grupo A ou B — afirmou Gilmar,defendendo um mapeamento feito pela Polícia Federal e demais órgãos federais.

Flávio Dino demonstrou estar alinhado ao pensamento do relator,ressaltando que,nos cinco anos de discussão da ADPF 635,foi possível reduzir a letalidade nas favelas:

— É absolutamente falso que uma polícia que mata mais é mais eficiente.

Castro e Paes criticam

O governador Cláudio Castro vem afirmando que a ADPF impõe “limitações” à atuação da polícia,aumentando o poder da criminalidade. Segundo ele,o estado vem “cumprindo rigorosamente os protocolos determinados no âmbito da ADPF 635”. Na mesma linha,Eduardo Paes defende o fim das restrições. De acordo com o prefeito,a cidade se tornou um “resort para delinquentes”. O município entrou anteontem no STF com um pedido para colaborar com a ação,sob a alegação de que a atuação dos criminosos tem afetado o ordenamento urbano da cidade. O principal ponto citado na petição é o crescimento do número de barreiras nas ruas na expansão territorial das quadrilhas.

Declaração: Este artigo é reproduzido em outras mídias. O objetivo da reimpressão é transmitir mais informações. Isso não significa que este site concorda com suas opiniões e é responsável por sua autenticidade, e não tem nenhuma responsabilidade legal. Todos os recursos deste site são coletados na Internet. O objetivo do compartilhamento é apenas para o aprendizado e a referência de todos. Se houver violação de direitos autorais ou propriedade intelectual, deixe uma mensagem.