2025-01-16 IDOPRESS
Palestinos deixam abrigo no norte da Faixa de Gaza após nova ordem de evacuação emitida por Israel — Foto: Omar al-Qattaa/AFP
GERADO EM: 15/01/2025 - 17:59
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Após 15 meses de conflito,Israel e Hamas concordaram nesta quarta-feira com os termos de um cessar-fogo e a libertação de reféns na Faixa de Gaza. O acordo deve ser implementado no domingo,com o grupo terrorista libertando 33 reféns e Israel soltando centenas de prisioneiros palestinos,como parte da primeira fase do processo de trégua. A proposta ainda precisa ser formalmente ratificada pelo Gabinete de Israel,mas já foi celebrada por israelenses,palestinos e lideranças internacionais.
Entenda: Netanyahu nega que Hamas aceitou acordo de cessar-fogo após partes trocarem acusações por atraso em negociaçãoQuem é quem? Esboço de acordo entre Israel e Hamas prevê libertação de 33 reféns em 1ª fase; veja a história das pessoas levadas a Gaza
A pressão pelo fim dos confrontos aumentou nos últimos dias,quando os mediadores (Catar,Egito e Estados Unidos) intensificaram seus esforços para alcançar um acordo.
Veja o que se sabe até o momento:
Foi definido um período de seis semanas para a primeira fase do acordo,que inclui a retirada gradual das forças israelenses do centro de Gaza e retorno de palestinos deslocados ao norte de Gaza a partir do sétimo dia de trégua.
Segundo o porta-voz do governo israelense,David Mencer,o Hamas deve libertar 33 reféns israelenses (mulheres,crianças e homens acima de 50 anos),dos 100 que ainda estão no enclave,nessa primeira fase. Serão ao menos três por semana e o restante antes do fim do período da trégua. Os restos mortais dos reféns mortos ao longo dos 15 meses de conflito devem ser devolvidos após a libertação de todos os sequestrados ainda vivos.
Manifestantes exigem a libertação de reféns israelenses em Gaza em ato em frente ao Ministério da Defesa de Israel — Foto: Jack Guez/AFP
Israel,por sua vez,libertará prisioneiros palestinos proporcionalmente,incluindo mulheres e menores de 19 anos. Fontes palestinas próximas ao Hamas disseram à AFP que seriam cerca de mil prisioneiros palestinos.
Os termos também exigem que,nessa primeira fase,600 caminhões de ajuda humanitária sejam autorizados a entrar no enclave palestino durante o período,incluindo 50 com combustível; 300 deles serão destinados ao norte de Gaza. Autoridades das Nações Unidas,porém,disseram que aumentar o fluxo de ajuda humanitária a esse nível será desafiador. Restrições israelenses,saques,escassez de motoristas de caminhão e outros fatores dificultaram levar ajuda suficiente para Gaza,de acordo com as autoridades. O número atual de caminhões que entram em Gaza diariamente está bem abaixo de 600.
O acordo também diz que um mínimo de 60 mil casas temporárias e 200 mil tendas seriam levadas para Gaza durante a fase inicial. Centenas de milhares de palestinos no sul de Gaza têm vivido em tendas,abrigos improvisados,casas alugadas e apartamentos de parentes por mais de um ano. Muitos dos que planejam retornar ao norte provavelmente descobrirão que suas casas e bairros foram destruídos,especialmente os moradores de Jabaliya,uma cidade no norte de Gaza.
Uma segunda fase será discutida no 16º dia da primeira fase. Ainda não se sabe ao certo como seria esta segunda etapa,mas há a previsão de que reféns masculinos,incluindo soldados e civis,seriam trocados por prisioneiros palestinos,com exclusão de condenados por assassinato na Cisjordânia. Também ocorreria a retirada total das tropas israelenses de Gaza e o início de uma "calma sustentável",definida como fim permanente de operações militares.
Pessoas verificam a destruição após um ataque israelense na escola Al-Farabi,no centro da Cidade de Gaza,que está abrigando várias pessoas deslocadas,em 15 de janeiro de 2025 — Foto: OMAR AL-QATTAA/AFP
Uma eventual terceira fase incluiria retorno de corpos e reconstrução de Gaza supervisionada pelo Egito,Catar e ONU,embora ainda sem muitos detalhes.
Apesar do cessar-fogo interromper a guerra temporariamente,não garantirá o seu fim. Israel busca destruir o Hamas,que ainda mantém alguma capacidade de ação,mesmo após enfraquecido ao longo dos 15 meses de guerra.
A libertação de reféns e prisioneiros também segue incerta (muito porque não se sabe ao certo quantos dos sequestrados pelo Hamas ainda estão vivos),assim como a permanência israelense na zona-tampão do enclave palestino.
Com AFP e New York Times