Crianças na linha de tiro são uma tragédia no Rio

2025-01-14 IDOPRESS

Memorial a céu aberto mostra nomes de crianças mortas por bala perdida na Lagoa — Foto: Divulgação/ Rio de Paz

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GERADO EM: 13/01/2025 - 10:43

Crianças baleadas no Rio: Segurança em Xeque

Crianças baleadas no Rio de Janeiro atingem recorde em 2024,levantando questões sobre segurança e punição. Dados indicam a necessidade de operações policiais mais planejadas,especialmente em áreas escolares. Governantes são criticados por falta de ações efetivas,enquanto a população clama por justiça e memória para as vítimas.

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Em 2024,o Instituto Fogo Cruzado registrou recorde no número de crianças baleadas na Região Metropolitana do Rio: 26. Número superior ao de 2018,ano da intervenção federal e de recorde de tiroteios. Para efeito de comparação,em 2018 foram 9.633 tiroteios; no ano passado,2.542.

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Por que tantas crianças são baleadas no Grande Rio? Como a política de segurança reage a esse problema? Os responsáveis são punidos? O que é possível fazer para proteger essas crianças? Essas são algumas das perguntas que precisam ser feitas por toda a sociedade fluminense. Dados sobre a violência armada podem ajudar a encontrar respostas.

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Na série histórica do Fogo Cruzado,iniciada em 2016,estão registradas 268 crianças baleadas — 59% foram vítimas de balas perdidas,e 26% atingidas durante ações ou operações policiais. Dez por cento dos casos foram registrados durante disputas entre grupos criminosos armados. Dezessete por cento das crianças foram atingidas dentro de casa.

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Os dados mostram que o planejamento das operações policiais precisa considerar o horário escolar e,sobretudo,poupar o entorno dos espaços educacionais. Por outro lado,não é por falta de polícia que a violência armada atinge a população. Faltam é polícia bem equipada e investigação. É difícil ter acesso às informações,mas sabemos que a maioria dos casos das crianças atingidas termina sem punição alguma.

O que temos há décadas é uma polícia focada em operações para enxugar gelo. Essa estratégia foi incapaz de conter o avanço dos grupos armados,e beira o inacreditável que ainda seja a aposta dos governantes. Nos últimos 16 anos,a área do Grande Rio sob controle de grupos armados dobrou. Cerca de um quarto de todo o território da capital é dominado por uma milícia ou uma facção. Por que continuar insistindo na política que nos trouxe até aqui?

Essa é uma pergunta que deveria ser respondida por nossos governantes,mas não dá para esperar muito deles. O atual governador,Cláudio Castro,talvez por desinteresse,talvez pela total falta de vocação para o cargo,concentra sua atuação na busca por espantalhos responsáveis pelo caos. Ora é o governo federal,ora é o Supremo Tribunal Federal. A realidade é que Castro já está no segundo mandato,e a população desconhece suas propostas para a área. Nem vale a pena citar o projeto Cidade Integrada,que não tem nenhuma entrega digna de nota. O plano de segurança pública do estado,apresentado depois de muita pressão do STF,não traz uma única linha sobre prevenção da violência armada contra crianças e adolescentes.

Mais emblemática é a atuação recente do prefeito Eduardo Paes. Nos últimos dias de dezembro,a Prefeitura retirou imagens que formavam um memorial para crianças vítimas da violência na Lagoa Rodrigo de Freitas. Dias antes,o prefeito vetou um Projeto de Lei que dava o nome de Amarildo,morto por policiais,a uma rua na Rocinha. Parece que a solução de Paes para a segurança pública é vetar iniciativas de memória sobre as vítimas. Mas não só. Nos primeiros dias do ano ele comunicou a intenção de criar uma força municipal de segurança armada. Como de costume,não apresentou dados ou estudos que mostrem para a população qual será o efeito disso. O que a Prefeitura deseja,de verdade,ao colocar mais agentes armados em uma cidade já tão conflagrada?

A solução para a eterna crise de segurança do Rio de Janeiro certamente é complexa. Não virá de uma ou duas medidas. Mas dá para ter certeza de duas coisas. Primeiro,não é por falta de agente armado que chegamos até aqui,os dados mostram de maneira cristalina. Por fim,não há segurança sem justiça,e não se faz justiça sem direito à memória. As crianças do Rio vítimas da violência armada não serão esquecidas.

*Maria Isabel Couto é diretora de dados e transparência do Instituto Fogo Cruzado,Carlos Nhanga é coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado no Rio de Janeiro

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