Fake news sobre o Pix atinge milhões nas redes, e reagir às mentiras contra Lula desafia a nova Secom

2025-01-14 HaiPress

Lula e Sidônio Palmeira em evento no ano passado: marqueteiro assume comando da Secom com desafio de melhorar comunicação digital do governo — Foto: Ricardo Stuckert

RESUMO

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GERADO EM: 13/01/2025 - 22:41

"Combate às Fake News na Secom: Estratégias e Desafios sob Novo Comando"

Sidônio Palmeira assume a Secom em meio a onda de fake news sobre taxação do Pix no governo Lula. Estratégias de combate às desinformações são discutidas,incluindo reações criativas e a importância de passar a verdade primeiro. A disseminação de fake news preocupa a nova equipe da Secom,que enfrenta desafios para combater a desinformação. A oposição usa temas como impostos e arrecadações para difundir fake news,prejudicando o diálogo com o governo. A nova estratégia inclui a reação rápida e criativa às mentiras propagadas.

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Ao tomar posse nesta terça-feira no comando da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom),o marqueteiro Sidônio Palmeira herda o desafio de contornar os efeitos da disseminação de desinformação nas plataformas digitais sobre a imagem do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O novo ministro chega ao cargo em meio a uma onda de mensagens falsas com a alegação de que a Receita Federal passaria a taxar transferências via Pix acima de R$ 5 mil. Um levantamento feito pelo GLOBO com algumas das principais postagens sobre o tema aponta que conteúdos críticos à atual gestão somaram 25 milhões de visualizações na última semana.

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As fake news sobre a taxação do Pix mobilizaram nos últimos dias tanto Lula quanto o ministro da Fazenda,Fernando Haddad,que foram às redes negar que haveria taxação. Reagir a casos de desinformação tem sido uma constante. Desde o ano passado,o governo teve que lidar com ao menos outras cinco crises de imagem causadas pela circulação de mensagens descontextualizadas difundidas por opositores.

A proliferação de fake news preocupa a nova equipe da Secom,que já discute estratégias de enfrentamento e vê o tema como um dos principais desafios da gestão. O novo ministro defende a regulação das redes sociais e afirma que é preciso usar a criatividade para combater casos de desinformação. Na sua avaliação,é preciso ter uma postura mais reativa às mentiras inventadas sobre ações do governo:

— Não podemos deixar a fake news entrar sozinha. Primeiro,você precisa passar verdade e depois desfazer a mentira,não o inverso,não correr atrás da mentira. E há várias formas criativas de se passar a verdade às pessoas — diz Sidônio ao GLOBO.

Repercussão

Os conteúdos sobre o Pix passaram a circular após o anúncio de que a Receita Federal,a partir do dia 1º de janeiro deste ano,ampliaria a fiscalização sobre transações acima de R$ 5 mil por mês feitas por pessoas físicas. Com as novas regras,empresas operadoras de cartão de crédito,fintechs e instituições de pagamento serão obrigadas a notificar operações que somarem esse valor,que chega a R$ 15 mil mensais para pessoas jurídicas.

A medida não se restringe ao Pix,mas abrange todas as formas de movimentação financeira,incluindo TEDs,saques e depósitos. Anteriormente,os bancos tradicionais já eram obrigados a fornecer informações sobre as movimentações de seus clientes.

Em meio às dúvidas da população sobre a aplicação da medida,políticos da oposição têm repercutido o tema com críticas ao governo. Em um vídeo com mais de 4 milhões de visualizações no Instagram e 389 mil no X,o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ),filho do ex-presidente Jair Bolsonaro,por exemplo,difundiu uma série de distorções sobre a circular ao afirmar que a determinação “acaba com o sigilo bancário em todo o Brasil” e que a população receberá “uma cobrança da Receita Federal de Lula em casa para pagar”.

— O Lula gosta tanto de pobres que vai monitorar até aquelas pessoas que pedem dinheiro em sinal de trânsito — disse o senador.

Bolsonaro,o vereador Carlos Bolsonaro (PL) e o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) também usaram as redes para criticar a medida. Em tom conspiratório,Carlos escreveu que “ vai muito além de arrecadação e mais empobrecimento ainda dos brasileiros,mas principalmente,avança a agenda de controle total dos passos de todos”. O tuíte teve 430 mil visualizações.

O novo titular da Secom defendeu ainda que haja punição para quem produz fake news e que se busque o interesse por trás de quem propaga mentiras na internet. Ele citou casos de golpes que simulam boletos para cobrança da falsa taxação do Pix para argumentar que há o cometimento de crimes.

Na sexta-feira,Lula gravou um vídeo em que aparece enviando um Pix para a Arena Corinthians,em Itaquera,bairro da capital paulista. Em tom de brincadeira,o presidente diz que a doação seria para “resolver o problema da dívida” do time,pelo qual ele torce,e para provar que não há taxação sobre a transferência.

— Vou doar R$ 1.013 para resolver o problema da dívida do Corinthians. Estou junto com a torcida do Corinthians. Eu acredito no Pix,acredito no governo e nós não vamos taxar — disse na gravação.

As estratégias de enfrentamento a fake news também têm influência da primeira-dama Janja da Silva,que alertou Lula na sexta-feira sobre a dimensão das mensagens sobre o Pix. A ideia do vídeo,com menção ao Corinthians,foi da primeira-dama.

Lula já vinha há tempos querendo fazer uma doação para seu time e Janja sugeriu que fosse feita a gravação com a doação,mas com uma fala sobre a fake news da taxação do Pix. Até segunda-feira,o vídeo somava 14,9 milhões de visualizações.

Haddad também foi acionado para desmentir que haveria a cobrança de impostos. Em um vídeo publicado na semana passada,o ministro disse que “está circulando uma fake news que prejudica o debate público e a democracia”.

‘Filão’ da oposição

Professor e diretor da Escola de Comunicação da FGV,Marco Aurélio Ruediger destaca que a direita bolsonarista descobriu uma frente para difundir fake news e distorções: impostos e arrecadações. O tema é estratégico porque atinge grupos com os quais o governo já enfrentaria dificuldades para alcançar,como profissionais liberais,empreendedores e religiosos. A expectativa é de que haja ainda mais desafios se o enfraquecimento das políticas de moderação da Meta for aplicado no Brasil.

— A oposição mais radical descobriu um filão em cima de temas como impostos e de arrecadação,o que atinge esses dois segmentos — ressalta. — Dificulta ainda mais o diálogo com o governo.

Um exemplo recente são os memes que miraram em Haddad no ano passado,quando o ministro foi apelidado de “Taxad” como forma de ironizar a atuação do governo para a aprovação da Reforma Tributária no Congresso e com a tributação de compras em plataformas internacionais.

A divulgação de mensagens falsas sobre a atuação do governo na crise das chuvas no Rio Grande do Sul,em maio do ano passado,também demandou reação. Mais recentemente,o estado de saúde do presidente foi alvo de fake news após a cirurgia de emergência de Lula em dezembro,inclusive com uso de imagens criadas por inteligência artificial.

— Parte da competência da oposição é conseguir ficar no limiar da verdade,usando informações que não são facilmente desmentidas,mas apelando para um medo de que o governo vai fazer algo para prejudicar a população — alerta André Eler,diretor técnico da consultoria Bites.

Crises recentes nas plataformas

Taxação do Pix: Mensagens sobre uma possível taxação do Pix e outros impostos circularam após uma instrução normativa da Receita. Postagens localizadas pelo GLOBO com a alegação somaram 25 milhões de visualizações. Uma delas é um vídeo do senador Flávio Bolsonaro.Saúde de Lula após cirurgia: Imagens criadas por IA circularam nas redes sociais e mostraram Lula com a cabeça enfaixada. Vídeos publicados no YouTube afirmavam que o presidente teria morrido após a cirurgia de emergência na cabeça,mas foram removidos da plataforma após pedido da AGU.Memes com “Taxad”: No ano passado,o ministro da Fazenda,se tornou alvo de uma série de memes que o chamava “taxador dos pobres” ou “Taxad”,em meio à aprovação de projetos que regularizaram a Reforma Tributária e da aprovação de uma cobrança de imposto de importação sobre compras internacionais de até US$ 50. Levantamento da Escola de Comunicação da FGV,na época,mapeou 48,7 mil postagens sobre o tema. A difusão negativa somou 79,1% das interações desses conteúdos.Chuvas no RS: Bolsonaristas divulgaram que o governo não permitia a chegada de doações sem nota fiscal,resgates por jet skis e barcos não-autorizados e impedia a passagem de caminhões com ajuda. Um vídeo compartilhado pelo governador de Santa Catarina,Jorginho Mello (PL),teve 2,9 milhões de visualizações no X.Show da Madonna: As postagens afirmavam que o governo Lula usaria recursos da Lei Rouanet para o financiamento da apresentação da cantora. A informação foi desmentida pelo ministro Paulo Pimenta,na época no comando da Secom e prestes a assumir a Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul. Ele gravou um vídeo em que abordou o assunto.Denúncia na Ilha de Marajó: A guerra cultural sobre a exploração sexual infantil na Ilha do Marajó passou pelo uso de vídeos falsos. Uma das imagens compartilhadas,inclusive por parlamentares bolsonaristas,se referiam a um caso que ocorreu,na verdade,no Uzbequistão,quando uma professora foi presa após transportar dezenas de crianças em um carro.

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