Vamos dobrar a Meta

2025-01-12 HaiPress

Instagram e Facebook — Foto: LIONEL BONAVENTURE/AFP

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 11/01/2025 - 13:57

"Desafios da Virada da Meta: combate à desinformação e proteção dos jovens"

A virada da Meta traz preocupações sobre a disseminação de conteúdo falso,prejudicando especialmente os jovens. O afrouxamento da moderação pode aumentar exposição a crimes e fortalecer o negacionismo,exigindo supervisão e regulação rigorosa das redes.

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É preciso analisar com cuidado o anúncio feito por Mark Zuckerberg sobre a mudança de posição da Meta,a empresa com maior poder de influência do mundo.

Afinal,três bilhões de pessoas mergulham diariamente nas suas redes,e muitos têm suas crenças,relacionamentos e decisões determinados por elas. Como disse um jornalista inglês,aonde a Meta vai,o mundo vai atrás.

Instagram,Facebook e Threads trazem muitos benefícios: comunicação científica,notícias,mobilização,comunidades de diversos grupos sociais e categorias,negócios,entretenimento e muito mais. Mas mesmo quando sua estratégia de remoção de conteúdo impróprio estava intacta,já provocavam um dano imenso à sociedade.

Como o algoritmo gera mais disseminação do conteúdo que provoca indignação,raiva,medo —ou seja,engajamento — as teorias conspiratórias,fake news,negacionismo científico,vacinal e climático explodiram. Isso produziu hiperpolarização e disseminação de ódio,espalhou intolerância e mentira,inviabilizou o debate social e político,e provocou uma onda sem precedentes de adoecimento mental e emocional da juventude.

Por motivos como esses a Meta é investigada e processada nos EUA e Europa. Há um ano,Zuckerberg estava no Congresso americano pedindo desculpas às famílias cujos filhos morreram por causa de sua empresa.

Diante isso,podemos imaginar o impacto global desse posicionamento,claramente em direção à extrema direita,como ficou patente no discurso do comandante da Meta: ele fala em “liberdade de expressão” no mesmo tom manipulativo dessa facção política — que autoriza intolerância,ofensa e mentiras sem limites e deixa desprotegidos direitos coletivos. Ele menciona “tribunais secretos” na América Latina,uma referência ao trabalho do STF e do TSE para conter as ondas de fake news nas eleições; e libera conteúdos sobre gênero e imigração,frequentemente usados pelos extremistas para gerar ódio e votos.

Além disso,afirma que vai trabalhar junto com Donald Trump para combater políticas da Europa,Brasil e Austrália,que buscam proteger direitos no ambiente digital,que chama de “censura”. Isto sinaliza o desrespeito à soberania dos países no que se refere ao ambiente digital e mostra que a Meta usará do poder político dos EUA para faturar mais,gerando danos sociais e ameaçando democracias. Em troca,Trump terá o poder de influência das redes para se fortalecer.

É assustador: essa virada tem o poder de destruição maciça. A liberação de conteúdos falsos na rede prejudica especialmente os mais jovens,que têm menos discernimento. A desativação de filtros de ódio,misoginia,racismo e homofobia vai fazer com que esses conteúdos se disseminem ainda mais,aumentando o risco de sofrimento e bullying de crianças e adolescentes.

Pior: a redução da moderação de conteúdo deve aumentar a exposição do público infantil a posts de automutilação e suicídio,e também a predadores,chantagistas,golpistas,pedófilos e outros criminosos,mesmo que a Meta diga que vai monitorar esses temas. Se hoje esses crimes já acontecem em larga escala,quando o controle em geral for afrouxado,deverão explodir.

Outra provável consequência desastrosa é o fortalecimento do negacionismo: podemos ter surtos de doenças infecciosas preveníveis por vacinas,e deixar de enfrentar a crise climática,agravando suas terríveis consequências e acelerando o colapso da civilização.

Diante desse movimento tectônico,algumas atitudes se tornam ainda mais importantes: a supervisão e orientação de crianças e adolescentes nos ambientes digitais,incluindo a não permissão de redes sociais até os 16 anos; a proibição do celular nas escolas (já alcançada); e a regulamentação das redes pelo Estado,para a qual precisaremos dos três poderes – Judiciário,Legislativo e Executivo. Nada simples,mas fundamental.

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