Aproximação de pastor bolsonarista com Lula irrita líderes evangélicos: 'Perfil do Otoni é ser governo, sem importar quem'

2024-10-17 HaiPress

Lula recebe benção do bolsonarista Otoni de Paula (à direita) — Foto: Ricardo Stuckert/PR

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GERADO EM: 17/10/2024 - 03:30

Pastor bolsonarista elogia Lula,irritando líderes evangélicos

Pastor bolsonarista Otoni de Paula elogia Lula em evento,irritando líderes evangélicos. Críticas por proximidade com o PT e apoio a Eduardo Paes. Alega cumprir função ao orar por autoridades e destaca diferenças de pautas com o governo. Incomodo por acenos políticos e defesa de lei de liberdade religiosa.

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A troca de afagos entre o deputado federal Otoni de Paula (MDB) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a cerimônia que sancionou a lei que cria o Dia Nacional da Música Gospel gerou incômodo entre líderes religiosos e parlamentares da bancada evangélica. Vice-líder do governo de Jair Bolsonaro (PL),Otoni foi acusado de traição política por expoentes protestantes após fazer elogios ao petista em agenda no Planalto. O parlamentar,por sua vez,defende-se e diz ter cumprido sua função institucional.

Com aliado de Bolsonaro: Lula faz aceno aos evangélicos e sanciona lei que cria dia da música gospel'Não era Bolsonaro?':Lideranças evangélicas criticam Otoni de Paula por ida à cerimônia de Lula no Planalto

Durante a solenidade com Lula na terça-feira,uma fala do deputado federal,particularmente,provocou a ira dos evangélicos; foi quando ele agradeceu o presidente por ter sancionado,em 2003,a Lei de Liberdade Religiosa.

— As igrejas e organizações religiosas passaram,graças ao senhor,ao sancionar aquela lei,a ter personalidade jurídica,fazendo correções jurídicas no Código Civil,permitindo que as igrejas deixassem de ser simples personalidades,como entidade de classe ou clubes de futebol. Assim,cada igreja passou a ter direito de fazer valer o seu próprio estatuto — disse Otoni.

Lideranças ouvidas pelo GLOBO atribuem o mérito pela aprovação da lei à pressão feita por uma dobradinha entre Congresso e organizações da sociedade civil.

Um dos que mais criticam Otoni de Paula é o fundador da Assembleia de Deus Vitória em Cristo,pastor Silas Malafaia.

— O deputado Otoni de Paula até pouco tempo chamava Lula de ladrão e corrupto. Isso é estranho,não? Não era Bolsonaro? — provocou Malafaia. — E ele mentiu. Quem falou que Lula garantiu a liberdade religiosa no país? Quem garantiu foi a Constituição Federal.

'Agenda política'

Integrante da bancada evangélica,Sóstenes Cavalcante avalia que Otoni deveria ter recusado a função de representar no encontro com Lula o atual líder do grupo,Silas Câmara (Republicanos-AM),que está afastado das funções legislativas após ter passado por uma cirurgia cardíaca. Para Sóstenes,o colega está mudando o seu perfil político.

— Ele está caminhando cada vez mais à esquerda. O perfil do Otoni é ser governo,sem importar quem — afirmou Sóstenes Cavalcante,que presidiou a bancada em 2022. — Ele poderia ter cumprido a missão (de representar o grupo) sem exagerar nas falas. Para quem foi vice-líder de Bolsonaro,as falas para Lula foram desvencilhadas da realidade. No lugar dele,eu não iria; teria pedido para outro deputado ir no meu lugar.

Além das críticas a Otoni,tanto Malafaia quanto Sóstenes criticam Lula por promover uma cerimônia “oportunista”. Segundo eles,a sanção da lei não é “mais que a obrigação” do presidente,uma vez que,caso resolvesse vetá-la,enfrentaria reação do Congresso.

Fundador da comunidade evangélica Sara Nossa Terra,bispo Robson Rodovalho faz coro e conclui que a sanção da lei pelo governo em nada afeta a relação do Planalto com os evangélicos:

— O que transparece é uma coisa 100% política,porque não houve nenhuma aproximação significativa conosco no sentido de estabelecer bases,de respeitar os valores cristãos. Nós tivemos leis de maior impacto.

Sobre Otoni de Paula,Rodovalho evita julgamentos diretos,mas alerta que o parlamentar deve se importar com os efeitos negativos de estar em agendas como essa.

Nos bastidores,pastores afirmam que a aproximação de Otoni com o governo federal se dá após a indicação de Wanderson Monteiro,ligado ao MDB,como superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) no Rio de Janeiro. O deputado nega qualquer vínculo com esta nomeação.

Críticas por apoio a Paes

Esta não é a primeira vez que o deputado se torna alvo de repúdio por posicionamentos políticos. Nas eleições do Rio,ele foi criticado por bolsonaristas ao assumir o posto de coordenador de campanha entre os evangélicos e o prefeito reeleito Eduardo Paes (PSD).

Otoni de Paula disse ter seguido sua função de vice-presidente da bancada evangélica na solenidade e afirmou que exerceu o “papel basilar” da igreja de orar pelas autoridades do país.

— Eu falei alguma mentira? Relembrei que em 2003,graças ao presidente,tivemos a lei da liberdade religiosa. Por conta disso sou Lula? Sou PT? Não — justificou o deputado. — Eu vou me manter dialogando com quem quer que seja e continuo sendo um parlamentar de direita e conservador. Chega dessa hipocrisia bolsonarista que faz que você finja que não dialoga no público,mas conversa no privado. Eu não preciso conversar com as câmeras desligadas.

Sobre o governo federal,Otoni afirma que há diferenças evidentes nas pautas de costumes,mas elogia a política social de Lula.

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