2024-08-29 HaiPress
Relatório prevê uma elevação do nível do mar no Rio entre 12 e 21 centímetros até 2050 — Foto: Custódio Coimbra 14/08/2024
GERADO EM: 29/08/2024 - 04:31
O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
LEIA AQUI
Um dia após a divulgação do relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) contendo um alerta sobre a rápida elevação dos mares e que coloca o Rio de Janeiro como uma das cidades mais vulneráveis ao fenômeno,a prefeitura criou um Comitê de Estudos Científicos Sobre a Elevação dos Mares. A publicação está no Diário Oficial do município desta quarta-feira.
'Como um castelo de areia':conheça a cidade brasileira que já vive as consequências da elevação do oceano citada em relatório da ONU Brinquedo: Como a Lego quer se livrar do plástico feito à base de petróleo e se tornar uma empresa 'verde'
O alerta da ONU,baseado numa estimativa da Nasa,aponta que a capital fluminense pode enfrentar uma elevação do nível do mar de até 21 centímetros até 2050,sendo 16 centímetros em média numa projeção sob um cenário de aquecimento global de 3º C até o fim do século. O relatório,divulgado pelo secretário-geral da ONU,António Guterres,revela que,em algumas localidades do Pacífico,o nível do mar subiu 15 centímetros nos últimos 30 anos.
O comitê criado pela prefeitura do Rio será coordenado pela Secretaria de Coordenação Governamental com a participação de várias secretarias e outros órgãos municipais,como o Instituto Pereira Passos e a Fundação Rio-Águas. A intenção é monitorar,fazer estudos e buscar soluções para os impactos da elevação do nível do mar,especialmente nas áreas costeiras da cidade e em suas interligações com rios e lagoas.
Alerta: 'Abusamos do plástico porque é muito barato',diz diretora da ONU para o Meio Ambiente
Também será atribuição do comitê manter colaboração com institutos de pesquisa nacionais e internacionais,através de audiências públicas e consultas com cientistas para criar políticas públicas que possam proteger a cidade e população.
Atafona,distrito do município de São João da Barra,no Norte Fluminense é apontado pelo relatório como a outra cidade brasileira vulnerável ao fenômeno. A diferença é de que lá os moradores já sentem na prática os efeitos das mudanças climáticas.
Novos produtos: Quando a sustentabilidade entra em casa
Segundo a própria prefeitura local,Atafona impressiona com o processo de transgressão do mar,a invasão das águas sobre o continente,que começou nos anos 60. Ao longo das últimas décadas,o mar vem avançando de forma progressiva sobre a faixa de terra,resultando na destruição de casas,ruas e até mesmo na perda de áreas inteiras da comunidade.
Atafona fica na foz do rio Paraíba do Sul,uma área naturalmente vulnerável à erosão costeira. No entanto,a situação foi agravada pela construção de barragens ao longo do rio e pela retirada de areia das dunas,o que alterou o equilíbrio natural da sedimentação. Sem o aporte de sedimentos do rio,que ajudariam a "reabastecer" a praia,o mar ganhou força para avançar sobre a terra.
Alerta: AquaRio lança campanha para conscientizar o público sobre a proteção dos manguezais
Em Atafona,o aumento do nível do mar foi de 13 centímetros nos últimos 30 anos,mas a má notícia fica para o futuro: o aumento esperado até 2050 é de até 21 centímetros,sendo 16 centímetros em média.
De acordo com pesquisas,o aumento do nível do mar é consequência do aumento das temperaturas,que causa o derretimento das calotas polares. À medida que o aquecimento aumenta e o gelo derrete,o mar sobe de nível.
Segundo a ONU,as ilhas do Pacífico são excepcionalmente expostas pois as temperaturas nos mares da região estão subindo muito mais rapidamente do que as médias globais. No local,a elevação média é de apenas um a dois metros acima do nível do mar. Cerca de 90% da população vive a apenas 5 quilômetros da costa e metade da infraestrutura está a 500 metros do mar.