2024-06-17 HaiPress
"Aplaudo a primeira-ministra Meloni por ter lançado o 'Plano Mattei' e por ter escolhido o BAD como seu parceiro estratégico para o implementar em África",afirmou Adesina,numa declaração a partir de Puglia,no sul de Itália,à margem da cimeira do G7 (Grupo dos Sete,que reúne as sete maiores economias do mundo - Alemanha,Canadá,Estados Unidos,França,Itália,Japão e Reino Unido -- e conta também com uma representação da União Europeia),que decorreu nos últimos dias nesta região italiana.
O italiano "Plano Mattei" foi incluído na declaração final da cimeira do G7.
"A parceria do G7 para Infraestruturas e Investimentos Globais,incluindo iniciativas como o Portal Global da União Europeia (UE),fornece um quadro que utilizaremos para promover a nossa visão de infraestruturas sustentáveis,resilientes e economicamente viáveis em África,apoiadas por uma seleção transparente de projetos,aquisições e financiamento",referiu a declaração final do G7.
"Neste sentido,saudamos o 'Plano Mattei' para África lançado pela Itália",acrescentou a declaração.
No início do ano,a primeira-ministra italiana,Giorgia Meloni,anunciou que reuniu 5,5 mil milhões de euros para lançar uma nova estratégia de cooperação com África que ajude a controlar os fluxos migratórios para Itália e para a Europa.
O "Plano Mattei" é o nome da estratégia em homenagem a Enrico Mattei,fundador da Eni (o gigante estatal italiano da energia),que nos anos 50 defendeu uma relação de cooperação com os países africanos,que passava por ajudá-los a desenvolver os seus recursos naturais.
Segundo Akimwumi Adesina,a parceria entre Itália e o BAD vai ter "impacto no desenvolvimento de todos os países africanos,expandirá o acesso à energia,combaterá as alterações climáticas,apoiará a segurança alimentar e impulsionará os serviços de saúde e o emprego dos jovens".
Por seu lado,a primeira-ministra italiana indicou que aquela "colaboração apoiará o desenvolvimento de iniciativas dos setores público e privado em África,gerando oportunidades adicionais para as empresas italianas".
De acordo com o BAD,referiu a agência espanhola EFE,a Itália comprometeu-se a disponibilizar um montante inicial de 130 milhões de dólares aos países africanos em "empréstimos e subvenções em condições muito favoráveis",comprometendo-se ainda a "financiar projetos conjuntos" com o BAD em áreas como a energia,a água,a agricultura,a saúde,a educação e a construção de infraestruturas.
Na apresentação do "Plano Mattei",a 29 de janeiro em Roma,durante a cimeira Itália-África,Meloni defendeu: "Nunca conseguiremos pôr termo à imigração ilegal em massa ou derrotar os traficantes de seres humanos sem combater as causas que levam as pessoas a abandonar as suas casas".
O programa inclui projetos no valor de mais de 5,5 mil milhões de euros em empréstimos e garantias,sendo que cerca de 3 mil milhões serão provenientes do Fundo Italiano para o Clima e 2,5 mil milhões do Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento.
Segundo a EFE,o Governo italiano quer estreitar os laços com África para travar o fluxo de migrantes que chegam às suas costas no Mediterrâneo central a partir da costa da Líbia ou da Tunísia (mais de 157.000 migrantes só em 2023).
Outro dos objetivos está relacionado com a energia,uma vez que a Itália está ligada ao continente africano por dois gasodutos submarinos,o que lhe permitiu substituir a Rússia pela Argélia como principal vendedor de gás após a guerra na Ucrânia.
No entanto,várias organizações humanitárias internacionais têm criticado o plano,alegando que o que faz é manter pessoas que querem ir viver para a Europa em países onde os direitos humanos têm regredido.
As críticas aprofundaram-se após um acordo assinado com a Albânia,que prevê o acolhimento de até 3.000 migrantes e refugiados resgatados por navios italianos por mês.
O Governo italiano,constituído por uma coligação de direita e extrema-direita,foi eleito com a promessa de cortar o fluxo de desembarques em Itália de migrantes provenientes do norte de África.